domingo, 11 de maio de 2008

CURIOSIDADE: CARLOS GOMES E O HINO NACIONAL

O proclamador da República e seu ministério, delirando de entusiasmo por terem vencido um monarca da estirpe do Pedro II, não ouviam o clamor dos patriotas repetido a todo instante nas ruas da cidade de São Sebastião: " Basta de Marselhesa! Chega de Marselhesa!"
Foi quando alguém lembrou o nome de Antonio Carlos Gomes que se encontrava na Itália colhendo os louros de constantes vitórias com suas óperas; aquele que distante do Brasil o tinha sempre perto, porque o trazia constantemente na na lembrança; aquele que longe de sua terra para se conformar dizia: "Entre o pensamento e a distancia não há separação"; aquele que foi o primeiro compositor a jogar no estrado cerimonioso, no palco do austero, do venerável teatro Scala de Milão, a figura seminua de Peri - o índio apaixonado por Ceci - outra " virgem dos lábios de mel", ambos personagens que José de Alencar fez falar e Carlos Gomes, cantar.
sem consultar previamente o insigne compositor de " O Escravo", os senhores do governo provisório enviaram-lhe um cheque de vinte contos de réis-ouro - na época, uma fortuna - e o pedido oficial para que escrevesse, ele , o Hino da República que seria o definitivo Hino nacional Brasileiro.
Carlos Gomes devolvendo o cheque, responde laconicamente: " Não posso".
pobre, porém rico de caráter, com tal resposta mostrava sua gratidão ao monarca a quem tudo devia. há quem diga que ele, respondendo ao governo da recém criada República, antecipou-se a Romain Rolland, quando no seu Jean Christophe, escreveu: " A gratidão é um fruto que só serve colhido a tempo; se é deixado amadurecer na árvore, não tardará a cair de pobre". Evitou assim, com seu nobre gesto aumentar a mágoa do Imperador exilado.
A resposta dos republicanos ao seu " não posso", foi porém mais breve ainda.
Em silencio, suspenderam a bolsa d estudo que D. Pedro II havia oferecido ao músico ilustre que lá na Europa estava enaltecendo o nome do Brasil.

Fonte: Sgt Jones - Hino Nacional Brasileiro - Estudo Histórico; Cívico; Pedagógico; Musical e Poético. Autor: Waldemar de Almeida, pg 19 - Acervo Inst. Hist. Geo.
Estudante do Curso de Licenciatura em História pela UFPE
Membro do Instituto Histórico e |Geografico - Vitória de Santo Antão - PE
Membro do Instituto Histórico de Jaboatão-dos-Guararapes - PE